terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Os índios dos Sete Povos das Missões.

Os primórdios
Início dos Sete Povos das Missões
Ao final do século XVII, devido aos constantes conflitos de fronteira entre Portugal e Espanha, os jesuítas resolveram concentrar a população indígena convertida numa área onde estivesse mais segura, e escolheram, para isto, a zona localizada na região noroeste do Rio Grande do Sul.

Os habitantes das diversas reduções jesuíticas foram transferidos para essa região, dando origem aos "Sete Povos das Missões": São Francisco de Borja (fundado em 1682), São Nicolau (1687), São Luiz Gonzaga (1687), São Miguel Arcanjo (1687), São Lourenço Mártir (1690), São João Batista (1697) e Santo Angelo Custódio (1796). Algumas dessas povoações situavam-se em locais que haviam sido anteriormente ocupados por reduções jesuíticas, mas que tinham sido abandonadas devido aos ataques de bandeirantes.

Com a formação dos Sete Povos, a obra dos jesuítas atingiu o seu apogeu. A agricultura e a pecuária desenvolveram-se e, em 1691, um missionário informava que "tantos bois, vacas, terneiros e cavalos (há) em nossos campos que tu em muitos lugares, nada mais vês, de tanto gado gordo e bonito".

Mais adiante, comentava que "dentro dos aldeamentos o Padre Missionário distribui, gratuitamente, duas vezes ao dia, a carne que os índios precisam", deixando claro que os animais eram criados para abate.

Não era apenas com a conversão e alimentação dos índios que os jesuítas se preocupavam. Vindos da Europa, onde havia um considerável desenvolvimento do artesanato, os padres procuraram incutir nos indígenas uma mentalidade que valorizasse o trabalho manual.

O aprendizado de uma profissão era constantemente incentivado e, desde a infância, os índios eram orientados para a escolha de uma atividade agrícola ou artesanal. Além de habituarem os nativos ao trabalho, os jesuítas procuravam com isto tornar as missões auto-suficientes, independentes das possessões portuguesas e espanholas que as cercavam, e que sempre olhavam com cobiça seus índios e seu gado.

É difícil, porém, estabelecer o grau de relacionamento comercial entre as missões e as possessões espanholas (a que estavam legalmente vinculadas). Segundo Lugon, autor da obra de maior fôlego sobre o assunto, as reduções exportavam diversos artigos, dentre os quais peles, couros curtidos e arreios, para Buenos Aires, Corrientes, Santa Fé, Assunção e Vila Rica; e importavam produtos manufaturados e metais.

Ainda de acordo com Lugon, a importação de manufaturados quase cessou, assim que as oficinas das missões foram convenientemente aparelhadas, permanecendo somente a importação de metais.

(Por: Lígia Gomes Carneiro, em "Trabalhando o couro - Do serigote ao calçado 'made in Brazil'" - Editora L&PM, 1986)

        As reduções jesuítico-guarani, localizadas em território hoje brasileiro, eram conhecidas por Sete Povos das Missões: São Francisco de Borja, São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista e Santo Ângelo Custódio. Hoje podemos visitar os remanescentes arqueológicos de quatro dessas reduções.        Os jesuítas desenvolveram a arte entre os Guarani através da pintura, escultura, música e teatro. A ciência se manifestou na construção de relógios de sol, fundição de ferro, etc. Os jogos esportivos também estavam presentes, sendo praticados na grande praça.
        O Tratado de Madri (1750) determinou a troca dos Sete Povos das Missões pela Colônia de Sacramento. Revoltados com este tratado, os missioneiros entraram em confronto com a Espanha e Portugal (1754/1756) na chamada Guerra Guaranítica, em que foram derrotados. Tiveram, então, que seguir para a margem Ocidental do Rio Uruguai. Após a assinatura do Tratado de El Pardo (1761), que anulou o de Madri, retornaram aos seus antigos domínios.
        Os Sete Povos voltaram ao domínio espanhol, mas a confiança nos jesuítas e nas autoridades estava abalado. Iniciou-se o declínio dos povoados, acentuado pela expulsão dos jesuítas (1768), pela implantação da administração leiga espanhola e posterior invasão e ocupação pelos portugueses (1801). No século 19 a maioria dos reduções foram abandonadas.
        De três povoados surgiram cidades que hoje são pólos regionais: Santo Ângelo, São Luiz Gonzaga e São Borja. No início do século 20 as autoridades brasileiras despertaram para a preservação desse importante testemunho de nossa história.
        As Missões Jesuítico-Guarani são consideradas Patrimônio Cultural do Brasil e protegidos pelo IPHAN. São Miguel Arcanjo é considerada, também, Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. Trabalhos integrados de conservação, proteção e valorização envolvem os comunidades locais, as universidades, a iniciativa privada, a Associação Amigos dos Missões e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

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