quarta-feira, 23 de março de 2011

MST deixa ocupação de fazenda em São Borja nesta manhã e aguarda solução

Rachel Duarte

Como previsto, os agricultores sem terra que ocuparam a fazenda Palermo,
 em São Borja (RS), deixaram a área na manhã desta quarta-feira (23).
 Eles saíram em marcha e ocuparam uma área ao lado da fazenda, 
cedida por um pequeno agricultor da região. O grupo ligado ao 
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) irá aguardar no 
novo local ocupado os quatro dias acordados com governo gaúcho
 para resolver a pendência jurídica pelo assentamento de 54 famílias.
Nesta terça-feira, 22, o secretário gaúcho de Desenvolvimento Rural
 e Cooperativismo, Ivar Pavan negociou com representantes do grupo
 e disse que o governo estadual se compromete a adquirir as 
terras reivindicadas pelo MST, atualmente utilizadas para pecuária, 
e destiná-las ao assentamento das 54 famílias que ocuparam a propriedade
 na segunda-feira (21).
Para a confirmação da compra, o governo terá que aguardar decisão 
da Justiça sobre o valor da propriedade. Após o posicionamento, o Estado 
fará a aquisição do terreno. Como sinal de concordância, os trabalhadores
 rurais que estão na propriedade se comprometeram a sair da área
 ocupada. A saída dos manifestantes independe da decisão da 2ª Vara Cível 
de São Borja, que recebeu pedido de reintegração de posse da parte de José 
Renan Toniazzo, dono da área de 1,2 mil hectares. A decisão da juíza 
Larissa Moraes, inicialmente prevista para o final da tarde de terça-feira
 (22), acabou ficando para a manhã seguinte.
Nesta terça-feira (23), durante a abertura do seminário de proteção e integração
 de refugiados, o governador do RS, Tarso Genro, posicionou-se de forma 
contundente contra a ocupação da fazenda Palermo. “Cometeram um ato 
desnecessário. Era só ter dito que queriam pressa num processo de 
desapropriação que está em andamento que tomaríamos providências”, 
garantiu o governador. Ainda que acentue que o governo vai tentar 
solucionar a questão de forma política e jurídica, Tarso deixou claro que 
um inquérito será aberto para determinar as responsabilidades. “Neste caso
 há, no mínimo, violação de domicílio e submissão de cárcere privado das pessoas”, afirmou.
“Esta atitude não contribuiu nem com a própria luta deles (MST)”, acrescentou Tarso.
 Para ele, a situação acaba se degradando com ações como essa, já que o proprietário 
da terra não irá querer negociar sobre pressão e o judiciário será pressionado a
 adotar medidas enérgicas, sem realmente avaliar os argumentos do MST. E advertiu:
 “o estado de direito funcionará para todos, desde o MST até o banqueiro”.
Mesmo concordando em partir, os manifestantes estão dispostos a ocupar a fazenda
 se, no prazo de quatro dias, não forem apresentadas garantias de que as famílias
serão de fato assentadas na área.

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