quinta-feira, 24 de março de 2011

Obama exige que Argentina devolva equipamentos militares apreendidos


Valter Campanato/ABr
Jorge Seadi
Assim que voltou de seu giro pelas Américas do Sul e Central, o presidente norte-americano Barack Obama pediu que a Argentina devolva o material apreendido em avião militar dos Estados Unidos, que estava em Buenos Aires. Esta não é a primeira vez que a Casa Branca pede ao governo argentino a liberação dos equipamentos apreendidos. A tensão entre os dois países continua forte, com os argentinos não atendendo as solicitações americanas. E a tensão aumentou ainda mais quando Obama confirmou seu roteiro de viagem, sem visitar Buenos Aires.
O presidente Barack Obama disse, nesta quarta-feira (23), à noite, que considera um “incidente grave” a não devolução dos equipamentos americanos. O avião militar dos EUA foi a Buenos Aires para levar equipamentos, material e policiais, que dariam um curso de segurança à Polícia Federal da Argentina. Ao pousar no aeroporto de Ezeiza, o avião foi revistado pelas autoridades aduaneiras argentinas que decidiram apreender os equipamentos e o material, que não constariam de uma lista previamente enviada pelas autoridades norte-americanas. Os argentinos consideraram o material como contrabando.
Pela primeira vez, em 40 dias, desde que o avião aterrissou em Buenos Aires, o presidente americano falou diretamente sobre o assunto. Antes, a Casa Branca fez os pedidos de devolução, por meio do seu porta-voz. Obama disse considerar o caso grave e avisou que “assim que puder vai fazer a reclamação diretamente à presidente Cristina Kirchner”. Obama afirma que o caso é sério porque a “Argentina foi historicamente um amigo e um sócio dos Estados Unidos”. Mais tarde, Obama ressaltou que este episódio “não será motivo para romper relações com a Argentina”.
A crise
A crise diplomática com Washington começou em 10 de fevereiro quando um avião Globemaster III da Força Aérea dos Estados Unidos aterrissou em Ezeiza carregado de armas e outros equipamentos militares que iriam ser utilizados por americanos em exercícios de treinamento com a Polícia Federal da Argentina, como parte de um acordo assinado entre os dois países. Ao inspecionar a carga, a Alfândega argentina encontrou diferenças entre a lista previamente enviada pela embaixada americana e o que realmente era transportado no avião. Os militares norte-americanos se negaram a abrir parte do equipamento. Impasse colocado, as autoridades argentinas abriram as caixas por determinação do chanceler argentino, Héctor Timerman.
A Alfândega verificou, então, que era um carregamento de equipamentos de comunicação, medicamentos e partes de armas que teriam sido declaradas de forma correta. O avião retornou aos Estados Unidos alguns dias depois sem levar de volta este equipamento que ficou apreendido em Buenos Aires.
O governo argentino, que disse desconhecer as declarações do presidente Obama, afirmou que não há previsão para a devolução do equipamento reclamado pelo governo norte-americano. Segundo fonte da Casa Rosada, quem deve decidir o que fazer com o materiral é a Alfândega. Ao mesmo tempo, a Justiça da Argentina já disse que os militares americanos não cometeram nenhum tipo de delito. O certo, segundo analistas, é que o governo de Cristina Kirchner não vai tomar nenhuma medida a favor dos Estados Unidos nos próximos dias até porque Buenos Aires vai receber a visita de Hugo Chávez, presidente da Venezuela, e inimigo declarado dos Estados Unidos.
As declarações de Obama deixaram claro para os argentinos que a crise provocada pelos equipamentos militares chegou ao ponto mais alto. Em Buenos Aires o assunto é tratado como uma espécie de represália por Obama não ter incluído a Argentina no seu roteiro de visitar à América do Sul.
Filhas vão estudar espanhol
Para demonstrar a importância que os Estados Unidos estão dando às Américas, Obama revelou suas duas filhas decidiram estudar espanhol. “Falar espanhol será importante para os americanos em um momento em que a América Latina em sua importância econômica e diplomática” enfatizou Barack Obama.
Com informações do La Nacion

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