quarta-feira, 18 de maio de 2011

Diretor da Secretaria do Meio Ambiente do RS defende monocultura de eucaliptos


         Foi ainda em janeiro a nomeação do atual diretor do Departamento de Florestas e Áreas Protegidas (Defap) – atentem para o significado do nome do departamento! – da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) do Rio Grande do Sul, por indicação da secretária, Jussara Cony. Integrante do PSB, Roberto Magno Ferron é engenheiro florestal e já havia publicado alguns artigos por aí.

               Chamam a atenção dois em especial, de 2007, na revista do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do RS (Crea). Para quem não se lembra, a essa época o estado vivia um debate vigoroso na área do meio ambiente. A governadora Yeda Crusius – do PSDB, atual oposição, é sempre bom lembrar – contrariava os técnicos concursados do estado ao ignorar o Zoneamento Ecológico-Econômico da Silvicultura e liberar o plantio de eucalipto. Os funcionários, especialistas na área, haviam delimitado zonas em que o plantio era mais aceitável e outras em que traria enormes prejuízos ambientais, com diferentes gradações e alternativas produtivas.Mas aquele governo, não canso de insistir, não estava exatamente preocupado com o meio ambiente. A sorte do nosso Pampa foi que uma crise econômica monstruosa pegou as papeleiras e frustrou suas expectativas de investimento por essas bandas. Se não fosse isso, até área de fronteira estaria tomada.
Mas voltando ao causo em questão, eu falava dos artigos de Roberto Ferron, integrante do atual governo – do PT -, escolhido pela atual secretária – do PCdoB – e filiado ao partido do vice-governador – o PSB. Pois ele, naquela época, escrevia que,
Por todos estes atributos amplamente positivos que beneficiam o ser humano, há de se defender e respeitar este excepcional e exemplar cidadão vegetal, chamado Eucalipto.
Na parte II, continua no mesmo ritmo:
Fica evidente e claríssima a tentativa de empurrar “goela abaixo” as restrições ao plantio de florestas, sem a opinião dos verdadeiros atingidos – a população da Metade Sul do RS.
Sem contar o absurdo:
Vale lembrar que o bioma pampa só é campo, porque o “boi” está sobre ele desde o tempo dos jesuítas, há mais de 300 anos, e impede a sucessão natural das espécies vegetais.
E a inversão dos fatos (não dá pra negar o senso de humor):
O Estado não pode ser refém de meia dúzia de tecnoburocratas que se acham acima da lei, ditando normas e regras ao seu bel-prazer, em detrimento da sociedade, sem contemplar as opiniões divergentes da comunidade técnico-científica, das entidades afins, dos representantes da população. Isso não faz parte do Estado democrático.
Pois eis que o Departamento de Florestas (!) e Áreas Protegidas (!!) adota o discurso dos empresários, não dos ambientalistas. E não quero dizer que o governo do PT tenha que adotar totalmente o discurso verde, mas a Secretaria do Meio Ambiente é a responsável por fazer o contraponto aos interesses econômicos que não enxergam a nossa natureza e a importância de conservá-la, diante da tentação do lucro – vale ainda lembrar que a silvicultura não distribui renda, antes a concentra ainda mais, ao contrário do que argumentou Ferron. Se o Defap, que deveria ser ferrenho defensor da preservação ambiental – ou seja, mata nativa -, não o faz, o que sobra pro resto?
Importante ressaltar que grande parte dos integrantes do governo ao qual Ferron pertence, à época na oposição, posicionou-se contrária à liberação da silvicultura. Agora no governo, nomeia uma figura identificada com a postura tucana. Vai entender.
Jornalista Cristina P. Rodrigues.

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