sexta-feira, 19 de agosto de 2011

China diz que aposta na recuperação dos EUA e faz exigências


Os líderes chineses demonstraram nesta sexta-feira (19) ao vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sua confiança em que os Estados Unidos sairão da crise financeira e pediram maior abertura da primeira economia mundial à da China, especialmente em alta tecnologia.



O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, reuniu-se com Biden na sede do Conselho de Estado, onde deu mostras de apoio ao governo estadunidense na busca de saídas para o buraco em que se encontra a economia norte-americana. O líder chinês afirmou que a China "confia plenamente na capacidade americana de recuperação e superação das dificuldades e que vai retomar o caminho normal do desenvolvimento".Mas o primeiro-ministro asiático diplomaticamente fez duras exigências: "É importante a mensagem dada à opinião pública chinesa de que os EUA cumprirão sua palavra e suas obrigações a respeito de sua dívida estatal", assinalou Wen, acrescentando que isso "dará um impulso à confiança dos investidores na economia americana".O vice-presidente dos EUA ressaltou que os Estados Unidos "vão cuidar de sua dívida pública, e não simplesmente porque a China possui 8% desta em bônus do Tesouro norte-americano, mas porque 85% são de propriedade dos EUA"."Apreciamos o investimento chinês na dívida americana, e quero deixar claro que não têm com o que se preocupar", afirmou.Antes, o vice-presidente chies Xi Jinping, futuro presidente da China e máximo dirigente do Partido Comunista, falou em termos similares aos de Wen na presença do vice-presidente norte-americano, destacando em uma reunião com empresários dos dois países que a economia dos Estados Unidos "é muito 'elástica' e tem uma forte capacidade de autorreparação".A China é o maior credor dos EUA, com US$ 1,16 trilhão em títulos da dívida do Tesouro norte-americano, o que equivale a um terço da enorme reserva de divisas do país asiático, a maior do mundo.Mas Xi Jinping foi além das palavras amáveis e pediu aos Estados Unidos ações para reduzir as restrições às exportações de alta tecnologia americana ao gigante asiático."Esperamos que os Estados Unidos acabem com as interferências e o protecionismo ao comércio e ao investimento, e tomem medidas pontuais e concretas nos setores que preocupam especialmente a parte chinesa", assinalou.Particularmente, prosseguiu, Pequim quer "um relaxamento da exportação de produtos de alta tecnologia à China, assim como reivindica que as empresas chinesas invistam nos EUA".A restrição de tecnologia americana à China - por motivos de segurança estratégica, segundo Washington - causa há tempo dores de cabeça a Pequim, interessada na transferência de P&D (pesquisa e desenvolvimento) para melhorar o valor agregado de sua indústria, tradicionalmente baseada em produtos "baratos".Xi garantiu também que a China intensificará a proteção da propriedade intelectual que tanto preocupa Washington, e disse que a segunda economia mundial está no bom caminho e não vai experimentar a "aterrissagem brusca" que alguns economistas preveem no longo prazo.Biden também se encontrou nesta sexta-feira com o presidente da China, Hu Jintao, embora este encontro tenha mais contornos diplomáticos do que econômicos e nele os líderes destacaram o "bom momento" dos laços entre Pequim e Washington.A visita de Biden está sendo acompanhada nos dois lados do Pacífico e gerou algumas fatos pitorescos, como o "banquete" do vice-presidente americano na quinta-feira em um restaurante popular de um bairro antigo de Pequim, onde ele e mais quatro pessoas de sua comitiva (entre eles sua neta) gastaram entre todos só 79 iuanes (o equivalente a US$ 10) em macarrão, bolo e pepino.O gesto, que gerou milhares de comentários nas redes sociais chinesas, foi interpretado em muitos círculos como uma demonstração de "austeridade" que Washington quer mostrar para Pequim, apesar de muitos internautas chineses dizerem que tudo não passa de mais uma jogada ensaiada da Administração americana.


Com agências

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